sábado, 8 de janeiro de 2011

Umberto Eco no livro " A passo de caranguejo"( colectânea de artigos escritos entre 2000 e 2005) faz uma série de reflexões sobre tópicos que apesar de amplamente falados e discutidos, revelam-se complexos de aprofundar e articular entre si. Foi neste livro que encontrei uma abordagem interessante da guerra e da paz( propícias para esta altura em que há artigos sobre a vida de tolstoi por todo o lado). Este conceito permaneceu inalterado desde os gregos até à guerra fria, altura em que a designada paleoguerra( desenrolava-se entre dois contendentes que podiam ser facilmente identificados e localizados) deu lugar à neoguerra cuja definição é bem mais complexa envolvendo paleoguerras marginais, dfificuldade em identificar o inimigo, não frontalidade decorrente do capitalismo multinacional que lucra tendo frequentemente interesse em ambas as barricadas. Tomando como exemplo a guerra do golfo, Eco desenvolve toda uma concepção que finalmente sintetiza anos de telejornais, reportagens e entrevistas com informação fragmentada, selectiva e facciosa que se desenrola mais ardentemente desde o onze de setembro. Como é difícil de sintetizar aconselho aqui a leitura porque envolve-nos mesmo, tendo pelo meio umas críticas ao senhor berlusconi que são sempre bem vindas( ou será que já que também é necessário pagar por elas tal como vai ser necessário pagar para ver a cidade de roma). Não deixa de ser curioso que Eco seja um fanático pelas designadas "ciencias falsas" possuindo uma biblioteca respeitável em torno do que não é verosimil, provável, assente em superstição popular, pois ao ler sobre as designadas neoguerras tive aquela sensação de incredulidade que teria com a alquimia, aliada a alguma tristeza pela nossa condição que ciclicamente, apenas com roupas novas, dá um pouco de razão a Hobbes.

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