terça-feira, 11 de janeiro de 2011

a falta de respeito por quem respeita os animais



É verdade, existe! E não é pouca! Acontece todo o "santo" dia, consciente ou inconscientemente. Por ignorância inocente ou ignorância persistente.

Lembro-me de quando deixei de comer carne. Era fácil comer na rua. Havia peixe, lacticínios e outras coisas de origem animal a que nos habituamos a ser mega-dependentes, nós humanos - a espécie superior, os dependentes.
Então pensei que não comer carne mas comer peixe era um bocado incoerente e até hipócrita e lá comecei a deixar o peixe (que tanto me doeu na alma, mas não tanto quanto quando pensava no processo até me chegar ao prato).
Mais tarde, um tanto satisfeita por não comer animais mortos, percebi que não os matava mas explorava e lá começou a longa e dura caminhada, que perdura, em deixar os derivados. Não foi dificil, confesso, até chegar ao queijo. Depois de várias tentativas e recaídas, é desta.

Ao longo de todo este tempo ouvi comentários dos mais idiotas e trogloditas que se pode imaginar. Piadas sem piada que mostram bastante o nível de ignorância de quem as faz. Ao pé das piadas sobre homossexualidade, as piadas sobre a "moda", "mania", "fase" ou radicalismo de quem não quer, pelas mais variadas razões, incluir animais na sua alimentação, são bem mais retrógradas.
Quando sei que é só piada fácil, nem levo a mal. E sou a primeira a fazer piadas - uso uma t-shirt a dizer vagitarian. Quando é piada por incomodo por haver quem pise os calos, já me incomoda um bocadinho. Quando é por pura ignorância e falta de vontade de sair dela já sinto pena e ao mesmo tempo vontade de enfiar um par de estalos.

Perdi a conta das vezes que, quando sem saber muito bem quais seriam as minhas alternativas sempre que comia fora de casa, perguntava o que havia sem ser carne ou peixe e respondiam-me "Frango ou atum". No inicio remetia-me ao silêncio mas depois achei que era meu dever informar as pessoas que frango é carne e atum é um peixe e nenhum deles aparece embalado por geração espontânea.

Quantas vezes, ao pedir um cachorro sem salsicha olharam-me como se estivesse a pedir que me pusessem nacos de vidros em vez da salsicha?

Quantas vezes ao perguntar se na sopa havia banha de porco ou caldos knorr, responderam-me "então como é que se faz sopa?"

Quantas vezes, e até bem pouco tempo, quando pedia uma sandes só de queijo diziam-me que só havia mista mas podiam tirar o fiambre.

Quantas vezes deixo de ir a X sítios por não haver uma merda de uma garrafa de azeite para por na torrada em vez de manteiga.

Quantas vezes, ao recusar-me comer isto ou aquilo por haver pedaços de carne ou peixe (animais mortos, no fundo) sugeriram-me para "por para o lado"?

Agora, como se já não bastasse o esforço que faço em não comer queijo ainda tenho que levar com a estupidez alheia quando ao fim de 10 perguntas não peço nada por não terem nada para oferecer e ainda ficam chateados/as.

Por todo o lado vejo pratos e bocas cheias de animais, sei o que passaram desde o dia em que nasceram até se tornaram num rolo de comida e saliva. É assim que eu vejo as coisas. Todos os dias. E doí, oh se doí! E não quero fazer parte disso mas não obrigo ninguém a agir como eu. Apesar de saber que é urgente, cada um sabe de quanto tempo precisa até lá chegar, como eu precisei e tenho precisado do meu.

Agora, não olhem para mim como se fosse uma extra-terrestre ou uma criminosa...não me parece que o crime esteja a ser cometido deste lado.

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