quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Regresso a casa

Os dias de viagem são sempre uma incógnita, nunca se sabe o que pode sair dali. Talvez por isso sejam os dias do ano em que ando sempre com tudo o que possa ser lido, na mochila. As viagens do Natal são sempre as piores. Muita turbulência, dificuldades em descolar e aterrar, atrasos, pessoas histéricas a cada sacudidela que leva o avião "ai jesuuus!", entre outros.
Hoje aproveitei a viagem para finalmente ler a entrevista com a Ministra da Cultura (dizem as más línguas que é minha conterrânea) sobre os cortes e projectos para 2011. Entrevista essa que guardarei religiosamente para reler no final do próximo ano. Algures no JL deparei-me com um artigo onde constava uma outra especulação, que desconhecia, sobre a origem do nome dado ao arquipélago dos Açores, arquipélago este onde há tudo menos Açores. Desta vez, com origem italiana. Lembrei-me então que a revista da SATA, que não é mais do que tentativas de vender destinos, costuma ter, volta e meia, alguma coisa sobre cultura açoriana com o objectivo, lá está, de vender os Açores como destino. A mim não me conseguem vender, pois já nasci com ele no sangue.
Havia (sim, havia porque agora já não há) um artigo sobre Canto da Maia.
Que sabia eu sobre ele? Para além de ter uma escola com o seu nome e ter sido um dos maiores escultores portugueses da sua época, não sabia mais nada. A cada linha lida a minha curiosidade sobre a sua obra e vida iam aumentando e ia-me chicoteado por dentro por nunca ter perdido tempo para saber quem foi esse homem, afinal tão grande. O orgulho ao pensar que cresci pisando o mesmo solo que ele, e d'outras almas inquietas, foi crescendo até ao ponto em que descubro que é ele o autor do busto do Antero no memorial no "Jardim do Anthero" e aí explodi de orgulho (e roubei as páginas da revista!).
Depois ler sobre Teófilo Braga já não me pareceu tão interessante.

A viagem ainda não tinha terminado e o avião continuava dentro de um shake. Eu sem mais nada para me entreter (mentira que tinha um livro sobre Património Cultural), reparei que a pessoa sentada ao meu lado tinha um revista e quando ia perguntar se me emprestava dei conta de se tratar da TvMais. Então achei que podia resumir a leitura da dita perguntando a que festas foram o Cláudio Ramos e a Cinha Jardim na semana passada enquanto fazia uso do sick bag - atenção, esta parte só aconteceu na minha cabeça, com intensidade.

Ao pousar terra firme (se bem que usar esta expressão em relação a uma terra que treme todos os dias soa um tanto desadequado) depois das dificuldades de sempre encontrei alguém, como é hábito, que não via há tempos e depois dos cumprimentos-praxe (não praxolas) teceu o seguinte comentário: "epá, estás outra vez com o cabelo à George Harrison".
E assim, em duas horas e meia, com uma descoberta e uma comparação, se enche uma alma de satisfação.

(o facto da bagagem não ter vindo, até agora, fica para contar depois quando a história chegar ao fim)

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