quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Chegou a "adultice"


Andava eu no 12º ano, estava na aula de psicologia e o professor pediu-nos para nos pormos de pé nas cadeiras. Depois de um discurso sobre adolescência disse-nos para descermos e isso seria a passagem para a idade adulta. Eu e a Rute, uma das duas pessoas com quem me dei durante um ano inteiro num colégio privado, continuamos de pé enquanto toda a turma desceu. Sem perceberm muito bem porque não tínhamos descido respondemos "Recusamo-nos a crescer!"
O professor riu-se e fez-nos uma vénia.

Foi há 9 anos e assim me mantive, recusando-me a crescer e a comportar-me de acordo com o que a sociedade espera dos "adultos". Quando arranjei o meu primeiro trabalho "sério", dizia-me que tinha de mudar o guarda roupa, como se o que levasse vestida fosse interferir na eficácia daquilo que fazia. E já agora começar a pensar em casar, ter filhos, fazer isto e aquilo porque já teria idade...
Caguei para as conversas de treta e sempre fiz o que me dava na mona sem pensar se era coisa de adulta ou não. Desde que não faltasse ao respeito a mim própria e aos outros.
A minha familia foi-se acostumando à ideia de que eu não nasci para ser "carneirista" mas sim um "cão raivoso". A única exigência a que cedi foi ter ido para a Universidade, coisa que não fazia bem parte dos meus planos. De resto, tenho vivido sem recalcar a, espero que, eterna criança/adolescente que vive aqui dentro.

Esta semana ao chegar a casa, onde não vive mais ninguém, toca o telefone fixo e do outro lado pedem para falar com a Dra. Cassilda. Foram segundos de profunda estranheza "Ok, tenho uma casa só para mim, um telefone fixo e tratam-me por dra. O que é esta merda?"
Passei a semana a trabalhar e a estudar e só parei para dormir e comer. Quis estar com pessoas que se deitaram à hora que acordei para trabalhar. Quero ir a outras cidades ver os meus amigos e não posso porque tenho de trabalhar e aproveitar as restantes horas para estudar e ainda arranjar um tempinho para fazer as tarefas domésticas.
As minhas conversas com outras pessoas foram à base de questões sociais e politicas.
Recusei-me a alinhar nos blind dates que me arranjara porque já experienciado o suficiente para perceber quando é preciso estar sozinha.
Mais que nunca tenho a preocupação de controlar os meus gastos para no final do mês ter dinheiro para pagar as contas.

Merda, esta semana cresci e não dei conta. E agora?

1 comentário:

  1. Acrescento que toda a tua adultez contribui para um semblante mais cerrado e os olhos convexos de preocupação que eu acredito que vai passar em breve e vais voltar para cima das cadeiras:)

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